segunda-feira, 19 de julho de 2010

JULHO 2010








Há os que sonham....






Dauney Oliveira Fernandes


Livro Virtual

AGRADECIMENTO






 EU AGRADEÇO













À vida e ao dom de escrever.







INTRODUÇÃO PREFATORIA

O Fatos Pensamentos e Poesias surgiu inicialmente como um diário pessoal, de início na versão física, mais comum, depois ganhou essa roupagem virtual com uma outra abordagem, diferente do seu homônimo fisico. Ele funciona com um livro virtual, este é um trabalho que visa expor para o público alguns de meus textos pessoais. São textos íntimos, que surgiram unicamente da necessidade de escrever. Todos os textos são relacionados a momentos que marcaram a minha vida. São fatos, pensamentos e poesias que se eternizaram pelos seus significados.
Foram três anos postando textos antigos que reputei interessante e textos novos que surgiram em momentos importantes. Estão intercalados textos, todos eles artísticos. As poesias são totalmente livres, não me prendi pela métrica, por vezes nem pela rima, e muito menos pelo nexo lógico. Os Pensamentos nem sempre são reflexivos, muitas vezes narram alguns fatos, com algum desdobramento filosófico, ou total manifestação artística de como eu vejo determinado tema. Os fatos nem sempre são fatos reais, alguns são fictícios, outros são reais ornados com detalhes imaginários.
Não há uma sistemática entre os textos, alguns escritos em períodos muito próximos podem apresentar alguma coincidência de estados de espírito, mas não houve ordenação alguma nos temas abordados.
Este é um espaço para ler de mente aberta, no silêncio, no recolhimento, são textos com sentimentos, que muitas vezes uma leitura apressada não é capaz de perceber... 
Espero que gostem, ou que não gostem... só não vá ficar sem sentir nada. Boa leitura.

domingo, 13 de junho de 2010

O HOMEM QUE QUERIA ENCONTRAR O AMOR



O HOMEM QUE QUERIA ENCONTRAR O AMOR

Um dia um homem saiu pelo mundo querendo descobrir o que era o amor. Fez isso porque viu - num sonho- alguém, que ele não conseguia lembrar o rosto, dizer que era o sentido de todo existir e o estímulo de todo aquele que caminha. Insistia que ele deveria encontrar o amor, no entanto, rosto ele não via. A conversa por ali acabou, e esse alguém não lhe dera mais pistas Só sabia como chamava e por que o perseguiria.

Um dia esse homem – que queria encontrar o amor – achou que encontrara; para o seu profundo desencanto, do sonho ela não lembrava. E ele continuou andando, sem saber para onde ia, e quando pensava em desistir lembrava do sonho que tivera um dia. Por outras bandas esse homem andou e em cada canto que passava jurava ter encontrado o amor. Porém, nenhuma entre elas sabia do tal sonho desafiador. O tempo passou, o homem envelheceu, a procura do amor deixou feridas, mas ele também muito aprendeu, quando pensava em desistir, algo lhe fazia andar, o sonho misterioso que não deixava ele parar.

E por muito tempo esse homem andou, e nenhuma, e nenhum a quem perguntava sabia explicar-lhe onde encontrar esse tal amor. E nessas muitas caminhadas pela vida, esse homem muita coisa topou. Ao procurar uma máscara para o rosto de seu sonho, muito ele amou. Mas o seu amor rosto não tinha, e quando o estímulo se esvaia pegava a estrada à procura do impulso de quem caminha.

Sem perceber, esse homem que caminhava, era também um homem que semeava, por onde andou deixou uma semente - a mais bela, pura e potente-, por onde andou semeou o amor, floriu seus passos com o seu sonho encantador. E a história do homem que queria encontrar o amor tomou o mundo, fez eco e conquistou mentes. Mais pessoas se aventuraram e caminharam em busca desse presente, o estímulo de quem caminha, o encanto de quem semeia a ilusão real desse calor. Assim, a rosa plantada um dia num sonho, se fez floresta no coração dos homens, graças à impossibilidade dele encontrar seu amor derrepente.

Este homem nunca encontrou a pessoa que no sonho lhe falou, mas espalhou o sentido daquilo que o fazia caminhar, por viver dia-dia a busca de uma vida. Como a infância a ingenuidade passou, a juventude a voracidade material levou, com a morte a sua existência se transformou, mas seu sonho, que sempre o fez caminhar, eternizado ficou.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

LUX


Um raio se expande e ilumina
integra, reflete, refrata e conduz.
É o tom de uma voz divina.
Quem pode negar a magia da luz?


Luz: matéria que toca a alma.
O que seria da compreensão sem o seu brilho?
Segura de sua caminhada eterna,
brilha a vida na repetição de seus ciclos.


Na falta, cores não produz.
A vida é mais rica
na presença da luz.


Contigo, o amor, induz.
A vida é mais linda
na regência da luz.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tua luz



E se fez a luz. Então, vimos as coisas, as pessoas, nossas resistências a propria luz. Afinal, é certo que só enxergamos a luz refletida pelos corpos e, claro, numa faixa delimitada. Sem ela não veríamos através dos olhos, mas, quem sabe, somente pelo coração.

Do que é feita a luz? Partícula, onda? As duas coisas... A luz é onda que transporta matéria e se comporta, ora como algo, ora como outro... A luz é um veículo de sensações, é remédio, é fotossintetizante, é energia e constrói uma corrente de elétrons de silício, é fogo e destrói, é tudo e nada...? não sei. É luz!

Magnetiza, encanta, inspira, acalma, é livre, quase livre - é humana? Não, é divina! Só a luz me prende, só a luz me leva, a luz sou eu! Mais... bem mais - eu quero brilhar!

Onde existe luz há esperança. Ela noticia algo de sublime que o tempo guarda para o futuro. Ela anda velozmente pelo tempo e, em nosso tempo, nada criado pode ser mais sábia que ela. Há sombras? Desde quando há luz, mas a dor só existe pela resistência da entrada da luz em nosso âmago.

Às luzes!

Elas brilham o passado e o futuro no agora.

Deixe brilhar a tua luz!

quarta-feira, 31 de março de 2010

É ELA NOVAMENTE


Ela quer chamar minha atenção. Pede involuntariamente para eu prestar atenção nela, demostra fragilmente como ela está pronta (para mim?! Para qualquer um?!). Desesperadamente ela tenta me tocar. Algo soprou para ela que estou me distanciando. Percebera enfim que tomei um rumo. Desespera por sentir que rumo para longe dela.

Acho que sem saber consegui o que queria. Sentia-me assim - feito ela - a um tempo atrás. Mas, no ponto que estou, não sei se é bom, nem bem, ir ao encontro dela. Porém, punjame suavimente a possibilidade de descartar uma oportunidade.

Sem saber, colocou em mim o privilégio da dúvida.

Supostamente eu sei o que ela quer. E ela, saberá o que quer? Pergunto-me, qual é o papel que devo desenpenhar? Voltar? Seguir? Qual é a dor menor?

Sem saber, troquei de lugar com a dúvida.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Uma dose de dor

A vida é assim,
tem horas que fala tanto que é difícil entender,
noutras tamanho silêncio, que esquecemos que ela fala!
Enquanto isso caminhamos...
Muitas vezes alheios a sua voz,
em outras tão conectados que é a própria voz quem nos encaminha...

Engraçado são as desilusões,
mas não qualquer desilusão. Não, aquelas marcantes...
Que a gente tem certeza que ta certo, que tudo ta conspirando,
mas no meio do caminho descobrimos um "des", e o real se torna ilusão,
e a desilusão se torna dor...

E a dor se torna negação,
e a negação envolve e negativisa,
ahh, negativado a gente só atrai o que diminui.
E nesse ciclo vicioso só o eletrochoque de realidade pra voltarmos a viver!

Mas viver é bom,
tanto nas horas de alegria a viva-voz,
quanto nos momentos de "des-luzão",
Com o sol brilhando,
ou caindo aquela torrencial tempestade.
Viver é bom aprendendo ou não...

Uma dose de dor, por favor.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Página de uma vida


"Vamos nos permitir."



Uma vida em especial me preenche a existência. Uma vida pequena, cheia de vícios, mas que parece guiada para algo maior. Maior que as dores passageiras e até mesmo àquelas que parecem não passar... Uma vida maior que a fuga da ilusão, e a necessidade da fulga da razão não é maior. Uma vida tão cheia de detalhes – tão perfeitamente ligados; própria; simples; incomum; sem sentido para alguns, perfeitamente sentida por mim... Em tudo e em todos.
Onde começou? O porquê de ter começado? Eu não sei. Mas, aqui estou e nenhuma pílula, nem a vermelha, nem a azul, pode negar isso. Para onde vou? (...) Nem o silêncio depois de uma bomba, fruto de um turbilhão de pensamentos, pode afirmar com certeza. Provavelmente, primeiramente... Não sei mentir. Então calo, sem saber por onde ir.
Essa vida me deu tudo de bom que tenho e mostra, dia-dia, os obstáculos que impedem que seja bom tudo que eu tenho. Essa é a vida mais difícil de entender. Nessa, é difícil demais escolher... Mas, nem por isso, desisto de entendê-la, deixo de escolher, deixo de vivê-la!
Essa vida é até difícil de descrever. É como se olhasse uma paisagem, seus detalhes, seus traços marcantes, e percebesse que junto a meus pés a paisagem se misturasse ao meu corpo, formando uma coisa só...
Enquanto olhava para mãos, pernas, braços, espelho... Percebia que ela não acabava ali. Olhando no reflexo dos meus olhos eu vi um ser que gritava - emocionado - e dizia (o que ele dizia?): viva! Ele vivia...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Homem do campo



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O homem do campo é um homem simples. Ele é a sua tradição é a cópia da simplicidade com que leva a vida, com que foi levado por todo o tempo. É simples nas atitudes, nos gostos, na educação.
O homem do campo ama simplesmente. Ama a terra, ama o animal. Ama seu cachorro. Ensina seus filhos com a mesma devoção que prepara sua terra. É fiel a seu cavalo, a sua honestidade e a sua religião. É um homem diferente igual a tantos que simplesmente vivem por ai.
O homem do campo é um forte. Nasce humildemente numa terra nua. Raramente vê a chuva. - O sertanejo simples. Tira sua mantença da força de seus braços e do suor de sua cara. Convive com a morte desde cedo. Sobrevive por sua força e preserva suas tradições. Mas vive, é forte. Sua força esta em suas origens.
O homem no campo não separa de suas origens nem no nome. É Flora de João Batista, Antônio de Dominga, Rosa de Leonardo, Atenor de Seu Gino, Zezim de Noratina e por ai vai...
No campo a vida é mais simples, mais perto da paz, mais próxima da felicidade...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Na Linha do Tempo


Um ano de amadurecimento. Nunca pensei que pudesse mudar tanto em um ano, mudar ao ponto de ter a certeza de que antes não era a mesma pessoa que agora. Um ano de batalha. Nunca pensei que pudesse levar uma nova idéia tão à sério que não conseguisse, no agora, viver sem ela. Um ano de conquistas. É até difícil, imaginar sem essas mudanças, sem essas claras idéias que me fazem ser um ser diferente do que fui; um ser mais feliz; um ser com mais paz.
Já é tradicional postar, perto do novo ano, um texto sobre o ano que passou. Talvez, aproveitando um ímpeto comum, em todos, nessa época. E, só por ser algo comum a todos, ou quase todos, já vale a pena ser repetido - tanto que lutamos pela igualdade, é necessário, quando chances houver, colocarmos ela em prática.
O trabalho. Tirando o lado maligno do trabalho, representado pelo temido sistema que nos rege - que nos é interior, que nos alimenta e é por nós alimentado, criticado por muitos -, o trabalho é um exercício de conhecimento. É oportunidade de se tornar mais sociável, promover a auto-tolerância e a urbanidade, por em prova nossa moralidade, aprender a exercitar o poder - sem deixar ele nos corroer. Trabalhar é dignificar, no momento que enxergamos no nosso trabalho um fim social e no nosso relacionamento com o trabalho um fim moral, humano e digno. Mas do que o salário no fim do mês, a retribuição do trabalho é o esforço que traz a internalização de nossas obrigações, do respeito, da cordialidade e do coleguismo com nossos parceiros de profissão... O homem profissional, diferente do homem afetivo, diferente do homem recreativo é um homem que tem dentro de si suas obrigações...
Limites. A gente nasce para aprender limites. Pelo menos, as gentes como eu: livres de mais; que não enxergam obstáculos intransponíveis; que vive querendo voar e que voa querendo viver. Limites, para gentes como a gente, é um árduo aprendizado. Se a falta não os põe, o excesso encarrega de exteriorizá-los. Tenho que ser sincero: não gosto de limites. Mas, são necessários.
A sinceridade, falar dela me lembrou do quanto perdemos por não sermos mais sinceros. Não que seja uma atitude absoluta, que não mereça - limites -, mas deveria ser mais valorizada em nossa forma de viver atual. Das milhares de coisas maravilhosas que aprendi esse ano, dos tantos momentos únicos e inesquecíveis, dos companheiros e companheiras novos, antigos, recentes, dos que se afastaram, dos que se reaproximaram, nada é tão valioso quanto o poder do querer. Coisas maravilhosas acontecem quando mudamos para uma atitude ativa: coisas acontecem quando saímos da inércia.
Aprender a dar valor às coisas que você gosta. Pô cara, muitas coisas são difíceis de enfrentar, mas, se realmente nos faz bem, covardes seríamos se não enfrentássemos qualquer obstáculo por elas. Viver é mais fácil do que pintam... E, mais difícil do que sonham.
No fim, irei falar do meio, algo que alguém me disse, e talvez seja a coisa mais importante que ouvi esse ano. Aprender a cortejar o equilíbrio - parafraseando o Renato que encontrava o equilíbrio cortejando a insanidade - tem de ser um exercício constante. Não sei como você vai encontrar o seu equilíbrio, mas é fundamental encontrá-lo. O termo do meio - a equidade de Aristóteles... Talvez, em dadas situações, a melhor saída seja o caminho do meio...
Abraço para todos e que venha 2010!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

DO MENINO QUE FUI



De uma fronte que saltava aos olhos, magricela - o que induzia a velocidade -, esperto, bem miúdo – pés pequenos -, grandes olhos – verdes olhos -, meio que assustado, sonhando. Sonhando...
Não sei de quem peguei o respeito, mas novo como era – a cabeça a se formar - o respeito que tomara, tomou-me. Envolvido pelo respeito eu cresci. Mas, em mim, cercado pelo respeito, aumentava uma chama, uma lança de enfrentamento. Um calor me perturbava, e esse calor perguntava. Perguntava...
Eu via o que só eu via, talvez por isso o que só eu via, somente eu entendia. Às vezes, via à mais, por outras, de menos eu via. Via grandes florestas, onde só mato havia. Via a perfeição dos contos de fadas, onde o caos reinava. E, acreditava no que eu via – ou achava que via. Acreditava...
Uns diziam que era ladino, outras que era lindo, mas o adjetivo que mais me intrigava, era quando minha avó, do canto do olho me olhava, encabulada deflagrava: esse menino, ah! Como é surdino...!Para ela, eu jogava a pedra e escondia a mão. Dependendo da ótica, uma deslealdade ou um meio eficaz de defesa e adaptação. Adaptação...
Mainha sempre insistia para o estudo. Eu sempre reclamava: queta mainha, pra que tanto estudo?Ela, eu tenho que agradecer. O sentido da minha vida foi plantado nesses dias. O conhecer. O conhecer...
A infância é o maior tesouro que eu trago em mim. Meus valores – os maiores. Dos meus amigos – os melhores! Dos sonhos, os mais doces. Os mais doces...

sábado, 28 de novembro de 2009

Hipnose


Sinto as luzes estimularem meus olhos, que fixos deslizam sem enxergar absolutamente nada. O pensamento, cavalo veloz, ganha asas e galopeia pelos planos transpostos nestas três dimensões do espaço. Agora, sou mil, mil e um soldados protegendo um único ideal: o ideal de ser um indivíduo.
Quanta amargura por não andar de mãos dadas. A vida é um estrada que faz andarmos por horizontes distantes. Se, nós nos esforçássemos mais em procurar objetos que estejam a altura de nossos olhos, sorriríamos mais conquistas e lamentaríamos menos com as dificuldades.
O pássaro sobe. Aumenta a altitude em cada batida de assas. Agora, está distante de qualquer olhar, mas ainda está sobre o mar, composto que reflete um azul. Agora ele está livre, mas algo que não depende de sua vontade faz-lo mergulhar no abismo rarefeito, acelerado pela gravidade vê o mar crescer sobre seus olhos.
Como o pássaro, sinto-me agora. Inseguro e assustado. A luz no fim do túnel mais parece uma locomotiva se aproximando. Sufoca-me como se uma corda enlaçasse meu pescoço. Um nervosismo inocente me desloca para um lugarejo que anula minha razão. Um estalo. Um choque de correntes estridente me traz a realidade e vejo as horas galoparem, como o meu pensamento; o peito me aperta. Os ponteiros não param de girar. Vejo que já não é hora de escrever. Deixo a caneta sobre o papel e não tenho tempo de reler o que eu vi.

sábado, 14 de novembro de 2009

UM PENSAMENTO QUE ME PASSOU

É bege.
Tudo numa cor neutra de certeza
Há quem diga ser cinza metálico
Já eu, não sei como pintar essa crueza.

E, mais uma vez, não sabendo como dizer,
Não há motivos para a leitura.
Venço o medo da viagem,
fica o medo da tortura.

Tenho certeza que no final
Não saberei onde terminou
Começou sem sentido
E perdido se perpetuou

Quando chega a um ponto desses,
não adianta voltar atrás.
Procurar o fio da meada?
Como? Se a linha não existe mais!

Tudo veio e passou como um redemoinho
Que remoeu todas as palavras
Remexeu minha cabeça
E no final não disse nada

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CARTA DE DESPEJO

CARTA DE DESPEJO

Ilusão da Conceição,

Eu, Iludido da Silva, quem opera essa caneta no presente momento, decidido, magoado, com o orgulho ferido, perante minha consciência, uma cerveja pela metade e ao som de Waldick Soriano, faço chegar ao conhecimento de vossa insolência máxima esta CARTA DE DESPEJO, para que a senhorita, Ilusão da Conceição, bonita, burra, insuportavelmente idiota e com certeza futuramente arrependida, desocupe a posse e leve todas as suas tralhas e lembranças íntimas do CORAÇÃO de propriedade da pessoa que a essa subscreve, localizado no lado esquerdo do peito, não muito grande, de cor vermelho-sangue, agitado( vide os vários pulos desenvolvidos incansavelmente). Local gentilmente cedido, sem muito espaço porém com muito conforto, que, no tempo do início da ocupação, pela ora despejada, se encontrava em excelentes estado de conservação e, como pode ser facilmente comprovado, o mau uso feito pela Srª. Ilusão deixo-o praticamente em pedaços, não restando outra saída se não a última via de civilidade demonstrada por essas linhas.
Peço a vil possuidora que ao deixar meu coração entregue a sua respectiva chave de bom grado, pois a vida segue e não é recomendado, pelas normas brasileiras de culinária e paixão, que meu órgão vital – para evitar dúvidas, MEU CORAÇÃO - fique por muito tempo desocupado.
Sem mais, aguardo o cumprimento confiante no mínimo de dignidade que ainda lhe resta.

Vai com Deus, e não precisa dar tchau,


Iludido da Silva

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Olhe para ele...

Como ele foi ingênuo. Tudo que falava à ele, ele acreditava. Aliás, não! – Nem tudo. Ele – lembro bem – nunca aceitava elogios, dizia: - elogios estragam as pessoas, mas é bom ouvir - e sorria. Ah! Como ele sofreu por essa ingenuidade.
Lembro quando ele deixou de sair à noite, para a pracinha da cidade, porque lhe diziam – ou ele acreditou enxergar nos olhos alheios - que não era a altura do lugar. Ele acreditou, quando disseram para ele, que ele era feio e sem graça. Os elogios da família e de uma garota não bastavam. Pobre lindo garoto ingênuo, perdeu seu desabrochar por covardia.
E, - quando lhe disseram - que ele não era brilhante, que sua criatividade era medíocre e que as letras não combinavam com seus textos,  ele acreditou. E passou a só a ver ignorâncias suas – passou a cometer muitas brutalidades por acreditar ser limitado. Quanta ignorância por ingenuidade, se, ao menos, tivesse um pouco mais de experiência e percebesse o mundo a sua volta com mais segurança.
Ele conseguiu acreditar, por pura ingenuidade, que ela não o amava. Queria-a, mas não pode com seu lado estúpido que gritava, feito louco – ela não quer você, ela não quer você! – um ingênuo louco, só lhe sobrou as poesias e por fracas que eram o tempo o transformou em um poeta morto. Morto e ingênuo. A ingenuidade ele não perdeu.
Como ele foi ingênuo. Tudo, que falava a ele, ele acreditava... Tsc, tsc, tsc...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sem-mestre


Um dia a gente percebe que esta no início de um recomeço. Teoricamente um recomeço de per si já é um início, não discordo de tal pensamento, apenas pontuo que nem sempre iniciar o recomeço implica em realmente recomeçar. Para construir um recomeço há a necessidade de ir além do re-iniciar. Para ser um recomeço, além de indícios de um re-iniciar, há de ter um querer qualificado pela vontade de mudar.
Ultimamente tenho notado e sofrido com algumas atitudes cíclicas prejudiciais. Atitudes interligadas por erros de concepção da realidade e por atitudes divergentes de minha natureza substancial. Difícil pra mim explicar essa natureza, pois só a sinto. Já, os erros de concepção de realidade são cognitivamente percebidos: faço, erro, sofro, não agüento mais errar/sofrer, logo mudo. É chegado o tempo de iniciar a mudança de algumas dessas atitudes que destoa dos meus objetivos existenciais.
Primeiro veio a compreensão da atitude a ser mudada, no meu caso, veio de uma forma violenta, como se pela primeira vez eu tivesse dado conta de uma aberração que vivia dentro de mim. O primeiro sentimento foi de náusea, de vergonha de si próprio... Foi quase como uma revelação do inconsciente de algo que sempre esteve presente, porém nunca fora dada a atenção devida, talvez justamente para que não sofresse por antecipação. Veja, se agora - compreendido -, tão pouco posso fazer, que seria possível sem algum acúmulo? A compreensão não vem de graça, não é revelação, se não na forma em que se apresenta a surpresa de tal obviedade dentro do nosso consciente. De uma hora pra outra: cabum!  -"Mas como eu nunca tinha percebido isso?" Porém, não é categoricamente uma revelação, não havíamos percebido por que ainda não detínhamos o conjunto de experiências necessárias para a sua clara compreensão. O impacto violento faz parecer algo sobre-humano, porém é o mais natural dos atos humanos: se conhecer. Mas só saber não basta.
Logo, muito depois da compreensão, vem a prática. Não há mérito em saber e não agir. Será uma compreensão estérea. A beleza está na frutificação do auto-conhecimento, acontecida no momento da ação. E, o recomeço é agir diferente, pois continuar a repetir ações inquinadas de um vício negativo é dar prosseguimento a incompreensão. Recomeçar trás em si intrinsecamente a idéia da mudança. Mudar não é fácil, não é a regra, não é inicialmente prazeroso, porém, sem sombra de dúvidas, é extremamente necessário. E, tudo começa no momento que aceitamos a capacidade de mudar/recomeçar.
Depois desses estágios, ao passar por esses degraus, eu me sinto assim: quase abraçando o tempo, vislumbrando milhões de possibilidades, me instigando a prudentemente andar nesse tempo do possível. Do lado esquerdo sempre caminha o amigo medo, mas já deixei de atribuir a tomada de decisões a ele há algum tempo. É sim, tenho certeza que é um recomeço. É início de semestre!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Siameses Opostos

A luta é constante
Conflitos sempre prontos para recomeçar
Pontos de atraso atraem a traição
Obriga, como se tudo tivesse escrito,
A persistir no erro da perdida geração

Dói-me ver o que é sagrado,
Sendo sangrado... conflito esculpido
O culpado desse mal
O terror... terrível rangido

Pra que terras sem amor?
Sem vizinhos... sem amor...
Pra que sonhos sem amor?
Para que o amor?
Maquinalmente sem amor

Somos todos iguais: corrompidos, presos e
destruídos
Nem tanto há motivos
Para insistirmos em ser enfermos
Por insistirmos em ser desunidos

Não é coragem atear fogo em si,
Queimar o mapa não é o caminho...

E, a chance com o fogo se vai
se existem chamas, matem-na!

Chamas, barulho, terror
E o vermelho sangue destaca
Chamas, barulho, terror!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BRF-ASA Homenagem


Está é uma homenagem. Escrevo para homenagear dois amigos - ou melhor - eu disse amigos? Dois irmãos - calma, eu disse irmãos? - Dois anjos com personalidades singularmente intrigantes, imbricadas, intransponíveis, inigualáveis e inteiramente únicas. Falar deles sem sobressair uma lembrança embevecida de saudade é quase impossível, pensar nessas duas figuras é remontar em pensamento e em espírito a um tempo bom, um tempo suave, agradável e digno - pelo sentimento que comporta - de perfeição. - Dizer que eu adoro esses caras é chover no molhado. Porém, os seus jeitos divertidos e criativos não encantam só a mim, - mas a todos que podem ter a honra de contemplá-los. Contudo, além da admiração existe o respeito, o amor e as estórias que ligam essas nossas três vidas. Quando estamos juntos - e livres para sermos nós três -, sinto como se a felicidade fosse realmente possível, como se o que realmente importasse, naqueles instantes, fosse sermos realmente felizes...

E, as risadas? Quantas risadas!... - Não é verdade? - Já conheci muita gente engraçada, gente com senso de humor interessantíssimo, mas "besta" igual a gente eu nunca vi, "besta" igual a vocês, meus dois amigos, não existe! Existem os "doidos" que co-ajudam no show de vocês - no nosso show - ; mas "besta" mesmo, só a gente...
"Doido" é engraçado, porque faz coisas inesperáveis, mas "besta" só a gente que cria coisas inesperadas. Sou bastante feliz por conhecer vocês - desde o tempo do gorete e do cocete - das palhaçadas na sala de aula, das gravações de nossas resenhas, do tempo da Gameleira e da pimenta no Babalú . Agrada bastante a companhia de vocês, seja nas festas, nos babas, nas gincanas, nas viagens, no céu... - Ôh! No céu não, viajei aqui.
Pode parecer infantil essa homenagem, mas vocês, meus nobres amados amigos de verdade, fazem parte - e são a parte principal - da melhor parte da minha vida -; vocês completam uma parte necessária, uma parte insubstituível, uma parte inexplicável de mim... São partes do meu mais valioso tesouro: minhas sinceras amizades. Pena que nem sempre estamos próximos, e sabe como é: a distância nunca é plena, mas mata a alma e envenena! Ou quase isso... Vocês são incríveis, e eu sempre sonhei ser igual a vocês. Como é impossível, sonho em estar sempre próximo dos dois!
é impossível não sorrir - nem não se emocionar -, quando me lembro de vocês!



domingo, 12 de julho de 2009

Segredo


Quanto custa um segredo?
Por quanto tempo segredo ele pode ser?
Qual a recompensa de sua guarda?
Como garantir que vale a pena prevalecer?

A vergonha, ignomínia ou humilhação se revelado
Prende ao peito, ou meio da garganta, um misterioso peso
Pode, quem sabe, ser mais valioso o inconfidenciável
Se um dia, talvez, puder deixar de ser segredo?

O secreto tem o seu tempo de hospedagem
E todo tempo tem os seus segredos
Mas, não haveria no homem coragem
Se eternamente segredasse seus medos

Um mistério persiste na sua atuação impecável
Não sabendo eu talvez
Que por trás de sua timidez
Há um segredo inconfessável

No que vejo nas linhas do mundo,
Em tudo que procuro ler
Dessa vida-arte-absurdo
Faltar segredo, é o mesmo que ter!

sábado, 4 de julho de 2009

Salva-dor


Percebo um sentimento diferente quando sinto esses ares. É particularmente agradável estar aqui em Salvador, ter comigo esse quê de esconderijo, essa parte de mim tão íntima em meio a essa imensidão. Aqui eu sou mais aquele ser que a gente só é na intimidade. O peso das máscaras desaparece, o campo minado das relações passadas se transformam em um horizonte plano, onde posso correr, sentar, apreciar a paisagem, em fim aqui tenho mais liberdade!
Não, que eu não goste de minha cidade, do meu interior, interior que sempre muda, que dinamicamente se transforma, normalmente, porém não deixa de meu ser, não some seus estigmas, não desaparecem suas figuras fortes, pilares de uma personalidade em formação. E, assim sendo, é sempre difícil enfrentar tais padrões em pleno clima de reforma. É, estou em clima de reforma, procurando dentre os destroços algo para aproveitar, olhando para os exemplos tentando me inspirar, disposto a errar e colher acertos dos erros que virão.
E aqui em Salvador errar é mais fácil, não tenho, ainda, a pressão de sempre acertar. Talvez, isto seja o que de mais valioso aprendi, nesses últimos tempos: a vida não é um contínuo de acertos, mas sim a dinâmica do acertar e errar, tendo ambos o mesmo peso se soubermos aprender com os erros e acertos. Na vida, errar não é um ato nulo, diferente do que nossos professores, involuntariamente talvez, nos ensinam em suas avaliações. Aqui, nesses ares, o erro é aceitável. Lá, no colo de meu afeto, no trono de minha imagem mais idealizada, um erro causa muita dor, não só em mim.
Aqui no litoral a umidade faz fluir os sentimentos, olhando para o ar percebo suas diferenças, posso distingui-los, me ajuda a entendê-los. Eu adoro esse lugar, meu peito infla, minha áurea se torna mais livre. Um perigo, um delicioso perigo!
Gosto de me sentir assim, gosto tanto que conto para vocês aqui...

sábado, 13 de junho de 2009

Em um feriado...



Feriado do dia 11 de junho, dia de finados, seguido do dia dos namorados, 12 de junho, e dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, dia 13 desse mesmo mês. Essas datas cumuladas formaram um fim de semana especial. Especial em reflexões. O feriado abriu um leque de possibilidades para atuação, pois sobrou tempo, porém a forma de atuação depende da circunstancia pessoal de cada um. Alguns aproveitaram para passar horas refletindo no que dar de presente para a pessoa querida na data especial, pois, devido ao corre-corre do dia-dia, sobrou apenas a véspera, quando não o próprio dia, para pensar numa lembrança. Outros organizaram as contas, alguns as desorganizaram ainda mais, com gastos superficiais; houve quem colocou o estudo em dia, e também aqueles que jogaram os livros pra cima, e preferiram iniciar o fim de semana numa mesa de bar, ou até, em uma viajem rápida e, para muitos, romântica.
O certo é que o fim de semana, particularmente, me fez pensar. O dia de finados me lembrou a multidão de vítimas mortais do nosso dinâmico sistema de vida. Vítimas de acidentes, como as do misterioso vôo 447; vítimas da guerra do tráfico, aliás, vítimas da ausência de nosso Estado; vítimas da violência somada a nossa falta de vontade em aprender; vítimas da impunidade; vítima da falta de justiça; vítimas da falta de amor. Enfim, no dia de finados, lembrei daqueles que se foram, quando poderiam, de alguma forma, estar aqui ainda.
E, para quebrar esse clima mórbido, e desolador, esse sentimento de impotência e de desconhecimento de nossa natureza humana, veio o dia dos namorados e, curiosamente, martelaram sobre minha cabeça pensamentos relacionados a esse misterioso gostar dos dias de hoje. Não podemos, nem de perto, considerar que pensamentos sangrentos e frios, como o das vítimas do dia de finado, guardem relação àqueles relacionado à confusão que se tornou a compreensão dos relacionamentos de hoje em dia. Podemos? Vejamos: namorar, ficar, flertar, queixar, choriçar, tudo hoje é mais sutil e engendrado que a antiga tríade da afetividade de outrora: namorar, noivar e casar. E, justamente, o dia doze de junho, comemora-se o dia do enamoramento, o dia dos namorados, e namorar tem todas as suas peculiaridades que distinguem do noivado e do casamento, como Artur da Távola brilhantemente um dia nos apontou. A fase do namoro era antigamente a fase mais apaixonante, mais livre e mais cheia de pequenas "loucuras" de amor. Porém, hoje a coisa muda um pouco, assumir um namoro hoje em dia é prestar um contrato de confiança que poucos têm a coragem de assinar. Mais uma vez, o pensamento que começara um pouco mais colorido se esvai, pensei novamente nas vítimas, aquelas que ficam excluídas desse imbricado e arriscado contrato de confiança dos dias de hoje, sem garantias, sobra insegurança. Sem garantia de onde estaremos amanhã; sem garantia de que podermos ir para onde for o nosso afeto, afinal essa é a definição mais simples da palavra companheiro; sem garantia de que podemos dar segurança a nosso amor, não há namoro. Mais uma vez me encontrei perplexo, perplexo por aqueles que não puderam presentear ou serem presenteados nesse dia 12, não por falta de condições financeiras, mas por não ter confiança o bastante para poder se permitir namorar!
No dia de Santo Antônio, vem toda aquela reflexão sobre o casamento hoje em dia. De sua desvirtuação; homens e mulheres querem cada vez menos se unir por um laço formalmente matrimonial, no entanto os homoafetivos lutam muitas vezes no silêncio, algumas outras em barulhentas paradas, pelo direito de casarem. A crise do casamento é uma crise de afeto. Quinze casamentos em 25 anos de vida. Acho que li uma notícia similar de alguma estrela da TV. Elas e eles, tentam... tentam... tentam, mas não conseguem. Não conseguem manter por todos os anos o sentimento incendiado das primeiras horas. Simplesmente porque se esquecem, ou não sabem que o amor não vem pronto, e, pelo contrário, ele deve ser construído. Mas, em vez de por mãos à obra, ficamos esperando que algum empresário empreenda o amor e o venda enlatado, garantido todas as informações necessárias quanto ao modo de uso, data de validade, e que traga no rótulo todas as instruções ao consumidor.
Meus iguais, é passada a hora de percebermos que alimentamos um mundo vazio, justamente porque nos propomos muito pouco a refletir que rumo queremos dar a ele. Para não termos mais problemas ligamos o piloto automático. Justamente por isso, o nosso mundo é essa realidade artificial e automática! Por este motivo, tantas vítimas. Quando, cada um de nós, assumir a responsabilidade pelo mundo que temos, desligarmos o piloto-automático, quem sabe assim teremos um mundo mais humano.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

QUE MARAVILHOSO ABSURDO

Inprevisivelmente uma notícia surpreende o mundo. É como algo insonhável fosse paradoxalmente aquilo que, muitas vezes de uma forma imperceptível, todos queriam ouvir. E, como qualquer novidade deste quilate, abalou toda a sociedade mundial. Se, não tivesse acontecido duvidaria até de mim nessas linhas. Mas aconteceu. E o impressionante foi a rapidez como tudo se fez e como facilmente se tornou conhecida em todo o mundo, claro devemos muito, neste particular, as nossa elevadíssima tecnologia na área da telecomunicação, como também, não poderíamos olvidar, o grande interesse que essa notícia arrebatadora despertou na grande mídia. Um fato tão impensável, tão temível e tão inesperado não podia passar sem a devida atenção dos holofotes.
E, agora fico aqui a imaginar... Meu Deus como pode isso acontecer, justamente naquele momento, com aquelas pessoas, como? A mídia não falou...


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Do Vale à Graça

No caminho que liga o Vale do Canela ao bairro da Graça, se encontra a Faculdade de Direito. Poderíamos até dizer que ela se situa entre o vale da esperança, carregada de sonhos, e o alcance da graça, símbolo da concretização desses sonhos. A faculdade é ponto de ligação de dois caminhos que intrinsecamente se comunicam.
Dos meninos e meninas que sonham ao entrar nessa nossa faculdade, aos homens e mulheres que lutam para sair, uma distância considerável se encontra. Essa distância é gradativamente vencida por degraus, e esses formam uma verdadeira escadaria, com direção certa, porém sem consenso sobre o sentido.
O que de objetivo dá-se para tirar do avanço ou do retrogradar de quem tanto sonhava no primeiro dia de aula, e depois, pela ação do tempo e das experiências, tantas angustias vislumbram no dia de sua formatura? Em que sentido andara aqueles que, consciente ou inconsciente, deixaram de lado os sonhos de outrora? Será que eles subiram ou desceram as escadas do vale à graça?
Porque aquele que sonhava mudar o mundo cedeu a um mundo que o mudou?
Porque os sonhos coletivos se transformaram em objetivos individuais e individualistas? Porque entramos pós-modernos e saímos positivistas? Porque sonhar é inocência e competir é maturidade? Que é o mistério que formata as pessoas do curso de Direito? Porque todos seguem a mesma correnteza?
Não é fácil responder essas perguntas, mas o certo é que essa correnteza não pode prevalecer, porque ela é fraca! E, é fraca porque é uma correnteza que compete entre si.
Fugir desses questionamentos é se prender numa caixa azul, de pilares cilíndricos e paredes de vidro.
Refletir sobre esses questionamentos é procurar se conhecer, e então, adquirir capacidade para tomar as rédeas do seu próprio destino profissional.
Se conhecer é o primeiro passo para estabelecer um sentido para a caminhada do vale à graça. É o melhor jeito de não transformar o objetivo dessa caminhada numa desventura.
Se conhecer é ter a coragem suficiente para acreditar naqueles sonhos que impulsionaram a caminhada do Vale do Canela ao bairro da Graça, passando pela Faculdade de Direito. E então poder dizer, eu não quero fazer concurso, como todo mundo! Eu não quero vestir terno igual ao de todo mundo! Não quero ser corrupto, e quero ser imortal como todo mundo!
Ou não, e ter a mesma coragem pra dizer, eu quero ser assim, eu quero ser isso. Poder então gritar, eu quero ser feliz com minhas diferenças, e não quero somente uma semana de diversidade, eu quero exercitar infinitamente minha individualidade feita de sonhos, diferenças e liberdade.

Pequena cidade, dia da formatura da filha de um pai orgulhoso,

Hoje queria dar a você um prezente, podia ter carpido a roça do Jaão e ganhado dinheiro pra comprar para você uma ropa bonita, ou um buqê de flôr. Podia ter feito um daqueles hominhos de barro que você tanto gostava, mas não, quis mostrar pra minha filha doutora que posso até escreve um a carta. Sei que as palavras não é das mais bonitas, e sei também que não sou bom com acentos e virgúla, mas sou sincero quando falo que suei para escreve e corrigir essa carta minha filha. Quero que você veja que por você fasso qualquer esforço, até porque eu te amo e isso não é nada perante o quanto eu te gosto.
Mas não escrevi essa carta só pra dizer de mim. Dá vontade até de ri, quando lembro de tantas traquinagens que você aprontava quando menina, das vez que você errou por inesperiência até por não ter tido a oportunidade de saber como é que se fazia antes de ter errado. Mas fico feliz porque você aprendeu, você cresceu e vai ser doutora. Mais do que a alegria que você ta sentindo hoje, é a felicitação que se encontra aqui dentro de meu peito. Perdoe esse velho pai que não tem trato com as palavra. Que nunca foi homem de letras

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O GRITO




Animalizado pelo extinto extremo, o homem gritou. Seu protesto falado, mais parecido um uivo, foi longo e estridente. Num momento as artérias, de sua garganta, ficaram mais caudalosas, e as veias mais protuberantes, seu rosto foi transmudando para um vermelho aguado. Talvez até mesmo seus vasos sanguíneos gritassem naquele momento.
Dor? Desabafo? Insanidade incontrolável? Não sei. Só sei que o homem gritou. E o grito, que durou alguns segundos, reverberou por mais tempo pelo ambiente, vibravam as paredes azuis e as plantas ornamentais. O grito não passara com o cessar dos estímulos fisiológicos. Aquela mistura de sons que saia de sua boca e nariz, todavia mais parecia avançar de cada célula de seu corpo, ecoou pelo silêncio instantâneo que o sopro quente deixou. Ecoava pra fora e pra dentro de si. Agora os olhos, que perderam o foco no instante de ira, começaram a reconhecer as imagens da paisagem ao seu redor, foi o primeiro sinal de que o grito havia passado. A sua face, paulatinamente, foi tomando sua coloração normal, as veias e artérias aquietaram-se debaixo de sua pele, a boca, já fechada, engole a seco um volume de saliva. A raiva passara e o homem sentou.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Coriza


Coriza

Escolher é uma arte tão fascinante
quanto a própria vida
Se esconder pode ser tão necessário
quanto sorrir

Ela surgiu como um devaneio
Se tornou uma obsessão em dias
Logo me vi envolto numa quimera
preso num sentimento que me enlouquecia

Não teve saída. O destino teve que ser duro
Um golpe profundamente sentido por mim.
Tudo obscuramente foi perdendo o sentido
e a certeza do fim foi me consumindo.

Mas um bicho teimoso como eu
tinha que se aventurar nesse enredo falido
Mais uma vez, outras vezes, mas...
...quantas mais?

As portas abertas por mim
A vida fechava atrás. Todo esforço atrapalhado
Era vencido... Tava errado.
E agora? O que faço?

Corro dos erros ou me jogo do penhasco?
Depois que descobrir que não há morte...
...aprendi a respeitar mais a dor.
Ah! Esse ser teimoso, acho que se cansou de errar.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Estou feliz

Se eu dissesse que sou feliz,
depois de um tempo, que
eu voltasse a ler este poema,
talvez acharia que não soubesse o que dizia
mas, sei que estou feliz,
e isso ninguém, nem mesmo eu,
pode negar um dia.

Não há nada mais doce,
mais gratificante, mais encorajador,
que o sentimento aflorado
após um sonho realizado.
E, eu realizei

É emocionante e recompensador
voltar a ter sonhos
Reacreditar no amor,
Fazer da vida uma obreira de boas ações
Buscar objetivos, confiar em mim!

Saber que há muito a se fazer.
Saber que é útil para alguma coisa.
Saber que eu sei o que eu quero,
E que, pode ser, que alguém também me queira.

Ter, aos poucos, consciência,
de quem sou, e tentar
viver conservando esse estado,
sempre alegre, sempre forte
Sempre lúcido!

Claro, que um frio na barriga,
desponta quando penso em tudo
que procuro conquistar.
Efeito de um pouco de medo, porque não,
de um pouco de insegurança,
ou receio de sentir o gosto da derrota.
O fim do bom ânimo.

Mas, não tenho mais o medo da dor
Sei que nunca, perpetuamente nunca, estarei só
E também, que a força para vencer,
estará comigo sempre.

Estou feliz, por que posso ser advertido,
e orientado
Por que, eu sei, da presença de Deus,
E que sem ela não posso viver

Posso até um dia,
achar que exagerei nessas linhas,
Ou, reconhecer que fui realmente feliz,
Ao menos, um dia, nesta minha via!

Sentimento dormente

Cada vez mais firme
O instante que marca o nada
Alma vazia, mente poluída
Polêmica, epidêmica, voraz...

Onde está o amor?
Foi-se a quilômetros de distância!
Não há nada a fazer
Pobre, minúsculo coração de criança

Amansa, nada substitui o ser
Anda, cansa deixa a distância vencer
Nada força tanto uma lágrima despontar
Desejo de vê-la, e não poder encontrá-la.

Não é por isso que aqui me encontro
Procurando ser mais humano
Drogando-me para ser menos normal
Perdendo-me numa experiência fatal

Agora, deixo o foco escapar
Algo, aqui dentro, ainda me agulha
Punge, não... a discussão é inevitável...
Ahh, o não... quantas vezes aceitei sem contestá-lo

Distante da realidade
A verdade é o meu mundo
Onde o que está limitado é infinito
E as decisões sem limites são tomadas

Acabei, e no fim
Tudo se foi...e a distância ainda está..
E quando com ela me encontrar não ficarei surpreso
se com mais uma surpresa me deparar.

O barco, o ideológico

A vida é como um barco
A personalidade a tripulação
Milhões e milhões de homens limpam meu convés
Deslizamos pelo mar sem pés
Aos comandos de um mapa sem direção

Minha bússola é a lua minha
Porém embriagado pelo brilho de uma estrela
mudo o rumo de meu barco
Empenhada segue a minha embarcação

Correntes marítimas chocam-me
Com minha embarcação vendida
ando, nesses tempos, como um ser vendado
Com um pobre, e lúdico ser inocente.

O tempo passa e a tripulação diminui
O barco desgasta
o vento desanima
As rotas mudam...

Mas, sempre há um porto
um porta-aviões
ou inceberg...Algo que nos faz parar
Algo que faz subirmos
Alguém que nos obrigue a mergulhar!

Enquanto isso, o barco vai...
Desesperado por uma rota feliz...
Nós seguimos...