sábado, 28 de novembro de 2009

Hipnose


Sinto as luzes estimularem meus olhos, que fixos deslizam sem enxergar absolutamente nada. O pensamento, cavalo veloz, ganha asas e galopeia pelos planos transpostos nestas três dimensões do espaço. Agora, sou mil, mil e um soldados protegendo um único ideal: o ideal de ser um indivíduo.
Quanta amargura por não andar de mãos dadas. A vida é um estrada que faz andarmos por horizontes distantes. Se, nós nos esforçássemos mais em procurar objetos que estejam a altura de nossos olhos, sorriríamos mais conquistas e lamentaríamos menos com as dificuldades.
O pássaro sobe. Aumenta a altitude em cada batida de assas. Agora, está distante de qualquer olhar, mas ainda está sobre o mar, composto que reflete um azul. Agora ele está livre, mas algo que não depende de sua vontade faz-lo mergulhar no abismo rarefeito, acelerado pela gravidade vê o mar crescer sobre seus olhos.
Como o pássaro, sinto-me agora. Inseguro e assustado. A luz no fim do túnel mais parece uma locomotiva se aproximando. Sufoca-me como se uma corda enlaçasse meu pescoço. Um nervosismo inocente me desloca para um lugarejo que anula minha razão. Um estalo. Um choque de correntes estridente me traz a realidade e vejo as horas galoparem, como o meu pensamento; o peito me aperta. Os ponteiros não param de girar. Vejo que já não é hora de escrever. Deixo a caneta sobre o papel e não tenho tempo de reler o que eu vi.

sábado, 14 de novembro de 2009

UM PENSAMENTO QUE ME PASSOU

É bege.
Tudo numa cor neutra de certeza
Há quem diga ser cinza metálico
Já eu, não sei como pintar essa crueza.

E, mais uma vez, não sabendo como dizer,
Não há motivos para a leitura.
Venço o medo da viagem,
fica o medo da tortura.

Tenho certeza que no final
Não saberei onde terminou
Começou sem sentido
E perdido se perpetuou

Quando chega a um ponto desses,
não adianta voltar atrás.
Procurar o fio da meada?
Como? Se a linha não existe mais!

Tudo veio e passou como um redemoinho
Que remoeu todas as palavras
Remexeu minha cabeça
E no final não disse nada