quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

DO MENINO QUE FUI



De uma fronte que saltava aos olhos, magricela - o que induzia a velocidade -, esperto, bem miúdo – pés pequenos -, grandes olhos – verdes olhos -, meio que assustado, sonhando. Sonhando...
Não sei de quem peguei o respeito, mas novo como era – a cabeça a se formar - o respeito que tomara, tomou-me. Envolvido pelo respeito eu cresci. Mas, em mim, cercado pelo respeito, aumentava uma chama, uma lança de enfrentamento. Um calor me perturbava, e esse calor perguntava. Perguntava...
Eu via o que só eu via, talvez por isso o que só eu via, somente eu entendia. Às vezes, via à mais, por outras, de menos eu via. Via grandes florestas, onde só mato havia. Via a perfeição dos contos de fadas, onde o caos reinava. E, acreditava no que eu via – ou achava que via. Acreditava...
Uns diziam que era ladino, outras que era lindo, mas o adjetivo que mais me intrigava, era quando minha avó, do canto do olho me olhava, encabulada deflagrava: esse menino, ah! Como é surdino...!Para ela, eu jogava a pedra e escondia a mão. Dependendo da ótica, uma deslealdade ou um meio eficaz de defesa e adaptação. Adaptação...
Mainha sempre insistia para o estudo. Eu sempre reclamava: queta mainha, pra que tanto estudo?Ela, eu tenho que agradecer. O sentido da minha vida foi plantado nesses dias. O conhecer. O conhecer...
A infância é o maior tesouro que eu trago em mim. Meus valores – os maiores. Dos meus amigos – os melhores! Dos sonhos, os mais doces. Os mais doces...

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom esse, escrito de coração. Achei lindo !


Renata Neves.

Dauney O. Fernandes disse...

Acho que quando não escrevo com o coração, não mereço escrever...
Obrigado pela visita Rê.