sexta-feira, 22 de maio de 2009

Do Vale à Graça

No caminho que liga o Vale do Canela ao bairro da Graça, se encontra a Faculdade de Direito. Poderíamos até dizer que ela se situa entre o vale da esperança, carregada de sonhos, e o alcance da graça, símbolo da concretização desses sonhos. A faculdade é ponto de ligação de dois caminhos que intrinsecamente se comunicam.
Dos meninos e meninas que sonham ao entrar nessa nossa faculdade, aos homens e mulheres que lutam para sair, uma distância considerável se encontra. Essa distância é gradativamente vencida por degraus, e esses formam uma verdadeira escadaria, com direção certa, porém sem consenso sobre o sentido.
O que de objetivo dá-se para tirar do avanço ou do retrogradar de quem tanto sonhava no primeiro dia de aula, e depois, pela ação do tempo e das experiências, tantas angustias vislumbram no dia de sua formatura? Em que sentido andara aqueles que, consciente ou inconsciente, deixaram de lado os sonhos de outrora? Será que eles subiram ou desceram as escadas do vale à graça?
Porque aquele que sonhava mudar o mundo cedeu a um mundo que o mudou?
Porque os sonhos coletivos se transformaram em objetivos individuais e individualistas? Porque entramos pós-modernos e saímos positivistas? Porque sonhar é inocência e competir é maturidade? Que é o mistério que formata as pessoas do curso de Direito? Porque todos seguem a mesma correnteza?
Não é fácil responder essas perguntas, mas o certo é que essa correnteza não pode prevalecer, porque ela é fraca! E, é fraca porque é uma correnteza que compete entre si.
Fugir desses questionamentos é se prender numa caixa azul, de pilares cilíndricos e paredes de vidro.
Refletir sobre esses questionamentos é procurar se conhecer, e então, adquirir capacidade para tomar as rédeas do seu próprio destino profissional.
Se conhecer é o primeiro passo para estabelecer um sentido para a caminhada do vale à graça. É o melhor jeito de não transformar o objetivo dessa caminhada numa desventura.
Se conhecer é ter a coragem suficiente para acreditar naqueles sonhos que impulsionaram a caminhada do Vale do Canela ao bairro da Graça, passando pela Faculdade de Direito. E então poder dizer, eu não quero fazer concurso, como todo mundo! Eu não quero vestir terno igual ao de todo mundo! Não quero ser corrupto, e quero ser imortal como todo mundo!
Ou não, e ter a mesma coragem pra dizer, eu quero ser assim, eu quero ser isso. Poder então gritar, eu quero ser feliz com minhas diferenças, e não quero somente uma semana de diversidade, eu quero exercitar infinitamente minha individualidade feita de sonhos, diferenças e liberdade.

Pequena cidade, dia da formatura da filha de um pai orgulhoso,

Hoje queria dar a você um prezente, podia ter carpido a roça do Jaão e ganhado dinheiro pra comprar para você uma ropa bonita, ou um buqê de flôr. Podia ter feito um daqueles hominhos de barro que você tanto gostava, mas não, quis mostrar pra minha filha doutora que posso até escreve um a carta. Sei que as palavras não é das mais bonitas, e sei também que não sou bom com acentos e virgúla, mas sou sincero quando falo que suei para escreve e corrigir essa carta minha filha. Quero que você veja que por você fasso qualquer esforço, até porque eu te amo e isso não é nada perante o quanto eu te gosto.
Mas não escrevi essa carta só pra dizer de mim. Dá vontade até de ri, quando lembro de tantas traquinagens que você aprontava quando menina, das vez que você errou por inesperiência até por não ter tido a oportunidade de saber como é que se fazia antes de ter errado. Mas fico feliz porque você aprendeu, você cresceu e vai ser doutora. Mais do que a alegria que você ta sentindo hoje, é a felicitação que se encontra aqui dentro de meu peito. Perdoe esse velho pai que não tem trato com as palavra. Que nunca foi homem de letras