sábado, 4 de julho de 2009

Salva-dor


Percebo um sentimento diferente quando sinto esses ares. É particularmente agradável estar aqui em Salvador, ter comigo esse quê de esconderijo, essa parte de mim tão íntima em meio a essa imensidão. Aqui eu sou mais aquele ser que a gente só é na intimidade. O peso das máscaras desaparece, o campo minado das relações passadas se transformam em um horizonte plano, onde posso correr, sentar, apreciar a paisagem, em fim aqui tenho mais liberdade!
Não, que eu não goste de minha cidade, do meu interior, interior que sempre muda, que dinamicamente se transforma, normalmente, porém não deixa de meu ser, não some seus estigmas, não desaparecem suas figuras fortes, pilares de uma personalidade em formação. E, assim sendo, é sempre difícil enfrentar tais padrões em pleno clima de reforma. É, estou em clima de reforma, procurando dentre os destroços algo para aproveitar, olhando para os exemplos tentando me inspirar, disposto a errar e colher acertos dos erros que virão.
E aqui em Salvador errar é mais fácil, não tenho, ainda, a pressão de sempre acertar. Talvez, isto seja o que de mais valioso aprendi, nesses últimos tempos: a vida não é um contínuo de acertos, mas sim a dinâmica do acertar e errar, tendo ambos o mesmo peso se soubermos aprender com os erros e acertos. Na vida, errar não é um ato nulo, diferente do que nossos professores, involuntariamente talvez, nos ensinam em suas avaliações. Aqui, nesses ares, o erro é aceitável. Lá, no colo de meu afeto, no trono de minha imagem mais idealizada, um erro causa muita dor, não só em mim.
Aqui no litoral a umidade faz fluir os sentimentos, olhando para o ar percebo suas diferenças, posso distingui-los, me ajuda a entendê-los. Eu adoro esse lugar, meu peito infla, minha áurea se torna mais livre. Um perigo, um delicioso perigo!
Gosto de me sentir assim, gosto tanto que conto para vocês aqui...

Nenhum comentário: